巴西葡萄牙语| A minha história de empoderamento

2020-06-28 00:08:53 484
声音简介

Alô, gente. Tudo bem com vocês?

A gente ainda tá no mês do Orgulho LGBT.

E eu tive a felicidade de participar da campanha do Bradesco desse ano junto com o Murilo, Luca e Preta, que a gente gravou à distância, cada um na sua casa.

 

Essa campanha faz parte do Aliados Pelo Respeito.

Um projeto que começou dentro do Bradesco, pra levantar debates com os funcionários sobre gênero, raça, deficiências e vivências LGBT.

 

Esse é um mês do Orgulho LGBT muito atípico, e um momento difícil pra todo mundo.

A gente não pode sair na rua pra celebrar a nossa existência, nem pra se organizar coletivamente contra a LGBTfobia.

 

E por isso, é ainda mais importante a gente compartilhar as nossas vivências.

E fortalecer as nossas redes de apoio.

Por esse motivo, eu tô aqui, a convite do Bradesco, pra falar um pouco sobre a compreensão da minha sexualidade.

Sobre a construção da minha auto imagem, da minha autoestima.

E principalmente, pra falar sobre empoderamento.

Essa palavra já foi empregada tantas vezes, em tantos contextos diferentes.

Que eu não sei mais o que a gente entende por empoderamento.

E isso acontece com vários conceitos.

Muitas vezes os significados desses conceitos são esvaziados pela forma como eles são utilizados.

Inclusive, na internet.

Ou porque são apropriados pela mídia e pelo mercado.

E aí, o seu sentido se torna muito mais comercial do que transformador.

Enfim, vamos falar um pouco sobre tudo isso.

Então pega seu chá, seu café ou sua água e senta aí pra gente conversar.

[ronronar]

Desde que eu comecei a compartilhar parte da minha vivência na internet, muitas pessoas me perguntam quando que eu percebi que eu era diferente.

Mas a verdade é que eu nunca me senti igual.

Essa daqui sou eu com três anos.

E aqui, eu acho que eu tinha cinco.

Eu nasci em 1191, então isso daqui ainda era na década de 90.

Só pra você se situar no tempo.

Na década de 90, e nem depois, na minha adolescência, não se falava tanto sobre bullying, sobre

questões de gênero e sobre sexualidade.

Nem sobre algumas formas de opressão, como a LGBTfobia.

Mas essa começou a ser uma realidade na minha vida assim que eu fui pra escola e o meu círculo social se expandiu.

 

Nem era, a princípio, uma questão de sexualidade, porque eu era criança.

 

Eu nem sabia o que era sexualidade, sexo, atração física e romântica.

 

E nem os meus colegas sabiam, mas eles reproduziam aquilo que eles viam e ouviam.

 

E "sapatão" passou a ser a palavra usada pra me atingir.

 

Eu não uma mulher que corresponde aos padrões de feminilidade esperados e impostos pela sociedade.

 

E eu já não era uma criança que se encaixava nesses estereótipos.

 

E quando isso acontece, não são apenas apelidos que a gente ouve.

 

Não são apenas violências diretas.

 

Existem muitas atitudes e discursos implícitos nas relações sociais, inclusive, que reforçam esses papeis e que, portanto, reforçam também a nossa inadequação.

 

Eu lembro de ir na locadora... Sim, eu disse que faz tempo!

 

E lá eu vi um filme, na capa tinha um menino com o cabelo raspado.

 

E eu queria muito cortar o meu cabelo, então eu fiquei segurando o filme o tempo todo.

 

Pensando em como que eu ia falar pros meus pais que eu queria raspar o cabelo daquele jeito.

 

Só que na hora de ir embora, eu larguei o filme e não falei nada.

 

Eu fui, muitas vezes, silenciada por uma estrutura social que não admite existências não normativas.

 

E quando eu fui cortar o meu cabelo... Não raspar, eu só fui cortar.

 

Eu lembro da cabeleireira olhar pra minha mãe muito séria, e perguntar se ela ia mesmo me

deixar fazer aquele corte de homem.

 

Enfim, eu poderia dar muitos exemplos.

Podia falar da minha vida inteira aqui nesse vídeo.

 

A questão é que por mais que eu achasse um absurdo dividir o mundo dessa forma, e agredir uma pessoa por qualquer motivo que fosse, eu sentia que que eu era anormal.

 

E o conceito de anormalidade é terrível!

Ele só existe porque existe uma norma estabelecida.

 

A gente só se sente diferente, porque existe um modelo que deve ser seguido.

 

E é desse modelo que a gente se sente diferente.

 

Tudo isso afetou muito a construção da minha subjetividade, da minha auto imagem e da minha autoestima.

 

Quando eu vejo pessoas falando sobre amigos antigos, tipo, da época da escola, eu penso:

"Uau, que conceito peculiar".

 

Porque eu tive uma infância e uma adolescência bem solitária.

Se eu hoje eu falo que eu sou essa senhora, que gosta de ficar em casa bebendo chá e brincando com os meus gatos, talvez seja porque eu me construí dessa forma.

 

E eu acho que a gente se constrói por meio das relações sociais.

Tanto aquelas que são mais próximas, quanto as relações indiretas.

 

Tipo, o que a gente assiste na televisão, os livros que a gente lê.

 

As coisas que a gente vê acontecer ao nosso redor.

 

E as interações sociais mais distantes, tipo a cabeleireira que não queria cortar meu cabelo.

 

Da mesma forma que a gente se constrói por meio das relações sociais, eu acho que graças a elas, a gente se desconstrói e se reconstrói também.

 

No meu caso, por muito tempo, essa troca foi mediada por obras literárias.

 

Como eu disse, eu nunca fui aquela pessoa que tinha muitos amigos e que interagia muito socialmente, então eu lia bastante.

 

E eu estudava bastante também!

 

Hoje eu percebo, inclusive, que ao longo da minha vida, eu vinculei a minha autoestima aos estudos.

 

Acho que tinha a ver com esse mecanismo de compensação que eu desenvolvi.

 

A lógica era meio essa...

 

"Se por natureza, eu já não sou uma boa pessoa, eu vou me esforçar pra ser a melhor filha que eu puder ser, a melhor amiga, a melhor namorada. Enfim, o melhor ser humano".

 

O que já não significava muita coisa na minha cabeça.

 

Acreditar que precisa compensar os outros e o mundo inteiro é resultado de uma crença de inferioridade.

 

E é extremamente cansativo, e a gente acaba se anulando nas relações sociais.

 

Agora eu consigo perceber, inclusive, que eu estabeleci relações que reforçavam essa crença.

 

Esse foi um padrão que eu só consegui romper quando a minha auto imagem mudou.

 

E isso não aconteceu de um dia pro outro. Na verdade, não é um processo que acabou também.

 

Eu fiz e faço terapia e leituras, por exemplo.

 

Mas também, principalmente por causa do meu trabalho, eu conheci pessoas que me acolheram, que me receberam com carinho.

 

Com quem eu dividi as minhas experiências, e com quem eu aprendi sobre vivências que eu não tenho.

 

Eu tô falando sobre outros criadores de conteúdo, sobre pessoas LGBT que eu conheci ao longo da minha vida.

 

E tô falando sobre vocês também.

 

Todas as mensagens que eu recebo, as histórias compartilhadas, as trocas que a gente estabelece mudaram e mudam a minha realidade.

 

E talvez mudem um pouquinho

da sua realidade também.

 

Eu acredito que é por meio dessas trocas que o empoderamento acontece.

 

E por isso ele é um processo contínuo e coletivo.

 

E não finito e individual, como parece muitas vezes.

 

O que eu percebo que aconteceu com esse conceito e com vários outros, é que ele passou a ser visto como um sentimento, uma sensação...

 

E um fenômeno individual.

 

E se ele é individual, você pode obter sozinha.

 

E ele vai ser conquistado de formas diferentes pra cada pessoa.

 

Eu me lembro de muitas situaçõescom amigos gays e cis,

 

em que eles me falaram coisas do tipo:

"Aproveita que você é mulher e se valoriza".

"Faz uma maquiagem, pinta a unha. Coloca um salto, usa um vestido..."

 

Talvez esse fosse o sonho daqueles meus amigos, e fazer aquilo seria incrível pra autoestima deles.

 

Mas não é a mesma coisa pra mim.

 

Incrível pra mim foi quando eu usei blazer e gravata pela primeira vez.

 

Ou quando eu passei máquina e raspei a lateral do meu cabelo.

 

Considerar o empoderamento como um fenômeno pessoal, é ignorar que as pessoas são diferentes e sofrem opressões diferentes.

 

E se fosse um processo individual, não mudaria as estruturas sociais.

 

Empoderamento vem de poder.

 

E ter poder não significa satisfação pessoal, nem mesmo autoestima.

 

Embora tudo isso seja importante, é óbvio.

 

A questão é que eu não vou ser uma pessoa LGBT verdadeiramente livre por me olhar no espelho e gostar de mim, se eu vivo numa sociedade que não reconhece e não respeita a minha existência.

 

Eu não vou ser uma pessoa completamente empoderada

 

enquanto a população LGBT continuar marginalizada e oprimida.

 

Se empoderar e reinventar o futuro, é construir uma realidade livre de qualquer forma de opressão, de violência e de desigualdade.

 

Mais do que nunca, eu acho que é tempo de pensar sobre tudo isso.

 

Junho tá quase acabando, e a gente não pode perder a noção de coletividade, de resistência e de luta por justiça social.

 

Obrigada a você que tá aí, que estabelece essa relação de afeto comigo.

 

E obrigada ao Bradesco, pelo convite pra gravar esse vídeo.

 

Abracinho em você. Beijo, tchau.

[ronronar]

Ah, legal. Tá passando o carro, o quê? Do ovo.

 

 

 

 


用户评论

表情0/300

听友228769203

好快啊 感觉像开车开出一百多迈的感觉哈哈哈

懒人葡语

不好意思停更了一段时间,从7月开始会继续更新,请小葡萄一起继续磨耳朵,一起进步❤️

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