o_meu_pe_de_laranja_lima 16

2019-04-23 22:53:3803:50 86
声音简介

Foi uma ceia tão triste que nem dava vontade de pensar. Todo mundo comeu 
em silêncio e Papai só provou um pouco de rabanada. Não quisera fazer a barba nem nada. Nem foram à Missa do Galo. O pior era que ninguém falava nada com ninguém. Parecia mais o velório do Menino Jesus do que o nascimento. 
Papai pegou o chapéu e saiu. Saiu mesmo de tamancos, sem dar até logo nem desejar felicidades. Acho que foi por isso que não deu boas-festas. Dindinha tirou o lencinho e limpou os olhos e pediu par ir embora com Tio  Edmundo. Tio Edmundo botou uma pratinha de quinhentos réis na minha mão e outra na mão de Totóca. Talvez ele quisesse dar mais e não tinha. Talvez ele quisesse em vez de dar pra  gente,  estar  dando  para  os  seus  filhos  lá  na  cidade.  Foi  por  isso  que  eu  o abracei. Talvez o único abraço da noite de festas. Ninguém se abraçou ou quis dizer nada  de  bom.  Mamãe  foi  para  o  quarto.  Garanto  que  ela  estava  chorando escondido. E todos estavam com vontade de fazer o mesmo. Lalá foi deixar Tio Edmundo  e  Dindinha  no  portão  e  comentou  quando  eles  se  afastaram  andando devagarzinho, devagarzinho. 
— Parece que estão velhinhos demais para a vida e cansados de tudo... O mais triste é que o sino da igreja encheu a noite de vozes felizes. E alguns foguetes se elevaram aos céus, para Deus espiar a alegria dos outros. 
Quando voltamos para dentro, Glória e Jandira lavavam a louça usada e Glória tinha os olhos vermelhos como se tivesse chorado doído. 
Disfarçou e disse para Totóca e eu: 
— Está na hora de criança ir para a cama. 
Ela falava isso e olhava para a gente. Ela sabia que naquele momento não havia criança mais ali. Todos eram grandes, grandes e tristes,  ceando  a mesma tristeza aos pedaços. 
Talvez que a culpa de tudo tenha sido a luz do lampião meio mortiça que substituíra a luz que a Light mandara cortar. 
Talvez. 
Feliz era o Reizinho que dormia com o dedo na boca. Botei o cavalinho em pé, bem perto dele. Não pude evitar de passar as mãos de leve em seus cabelos. 
Minha voz era um rio imenso de ternura. 
—  Meu  pequerrucho.  Quando  toda  a  casa  estava  às  escuras  eu  perguntei baixinho: 
— Tava boa à rabanada, não estava Totóca? 
— Nem sei. Não provei. 
— Por quê?   
— Fiquei com uma coisa entalada no gogó que não passava nada... Vamos 
dormir. O sono faz a gente esquecer tudo. 
Eu me levantara e fazia barulho na cama. 
— Aonde você vai, Zezé? 
— Vou botar meus tênis do lado de fora da porta. 
— Não ponha, não. É melhor. 
— Vou pôr, sim. Quem sabe, se não vai acontecer um milagre. Sabe, Totóca, eu queria um presente. Um só. Mas que fosse uma coisa novinha. Só pra mim... 
Ele virou para o outro lado e enfiou a cabeça embaixo do travesseiro. 
 圣诞夜晚餐一片愁云惨雾,我不愿意再回想。所有人沉默地吃着,爸爸只尝了点法国土司。他不想刮胡子,也不想做任何事。他们甚至没有去参加午夜弥撒。最让人难过的是,晚餐桌上没有人开口说话。感觉比较像是为圣婴守灵,而不是庆生。
爸爸拿起帽子走了出去。他们出门的时候穿着凉鞋,没有说再见,也没有祝福任何人圣诞快乐。姥姥掏出手帕擦眼睛,叫艾德孟多伯伯带她回家。艾德孟多伯伯在我手里放了一个五百里斯的硬币,在托托卡手里也放了一个。也许他本来想给更多的,但是他没有钱。也许他不想给我们,而是想要给他在城里的孩子。我抱了他一下。这可能是圣诞夜唯一的一个拥抱。没有人拥抱,没有人想说什么祝福的话。
妈妈回她的房间去了,我相信她在偷偷地哭。每个人都想哭。拉拉送艾德孟多伯伯和姥姥到大门口,他们很慢、很慢地离开了。拉拉说:“他们好象活得太久,老到厌倦了每一件事。”
教堂的钟声让圣诞夜充满了欢乐的气氛,却让我们更加感伤。硕大的烟火在空中绽放,这些人正向上帝表示他们的欣喜之情。
我们回到屋里的时候,葛罗莉亚和贾蒂拉正在洗碗盘,葛罗莉亚的眼睛红红的,好像刚刚大哭过一场。
她强自镇定,对我和托托卡说:“小孩子该上床睡觉了。”
说完之后她看着我们。她知道在这一刻,这里没有任何小孩。每个人都是大人,悲伤的大人,一点一点消化着同样的悲伤。
也许是因为灯笼昏暗的灯光让大家看起来很悲伤——也许吧。
快乐是我的小国王的,他嘴里含着一根手指睡着了。我把小马放在他身边,忍不住用手轻柔地梳着他的头发。我的声音像条河,满载着无尽的温柔。
“我的小宝贝。”
等到整间屋子息了灯,我悄悄地问:“法国土司很好吃,对吧,托托卡?”
“我不知道。我没吃。”
“为什么?”
“我喉咙里有东西噎着,什么也吃不下去。睡吧,睡觉可以让你忘了一切。”
我爬起来,在床上发出一阵声响。
“你要去哪儿,泽泽?”
“我要把我的网球鞋放到门外头。”
“不要,别把鞋子放外面。最好不要。”
“谁知道呢,说不定会有奇迹发生。你知道的,托托卡,我想要礼物,一样礼物也好。我想要一个新的东西,特别是为我准备的东西……”
他转向另一边,把头埋到枕头下。

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